Lutas de MMA viram negócio e se ampliam no Brasil
FABIO BRISOLLA
O sucesso das lutas do UFC virou referência para um circuito de torneios que se alastra em território nacional.
Inspirados no formato americano do "Ultimate Fighting Championship", que alçou à fama atletas como Anderson Silva e Júnior Cigano, promotores brasileiros investem em campeonatos próprios de MMA, sigla em inglês da modalidade chamada de Artes Marciais Mistas.
Cada edição movimenta entre R$ 200 mil e R$ 500 mil em patrocínios e vendas de ingressos.
As versões nacionais somam mais de 30 marcas distintas, invariavelmente batizadas com estrangeirismos como nos casos de "Jungle Fight", "Watch Out Combat Show" e "Bitetti Combat". O alcance desta safra de produções pode ser visto na TV.
Especializado em lutas, o canal Combate, da Globosat, já destina mais da metade de sua programação a eventos locais. Das 73 competições agendadas ao longo de 2012, 42 delas são promovidas por empresários brasileiros.
"Os futuros ídolos do MMA surgem nos eventos nacionais", diz Pedro Garcia, diretor geral do canal Combate, ao justificar o investimento em atrações mais modestas.
O canal a cabo tem os direitos sobre todas as disputas do UFC. Mas o marco na divulgação do esporte veio com a entrada da TV Globo, que passou a exibir as lutas em 2011.
Apenas na Grande São Paulo, em média, 900 mil residências acompanham as transmissões da emissora nas madrugadas de pancadaria.
"O UFC impulsionou a luta de uma maneira geral. Quem gosta de UFC acaba se interessando também por outros eventos", avalia o ex-lutador André Pederneiras, 45, que organizou a 33ª edição do torneio Shooto dentro do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
"Escalei para lutar três policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e dois da tropa de choque da PM."
Para entender o crescimento da popularidade do MMA no Brasil, uma boa referência é a carreira de Anderson Silva, o campeão da categoria peso médio.
"Ele tinha poucos patrocinadores, todos ligados a equipamentos de luta. Os valores eram 1/50 dos atuais. Hoje, ele tem contratos com grandes anunciantes. O Anderson saiu do microcosmo que habitava para entrar num universo de marcas populares", avalia Evandro Guimarães, diretor de operações da 9ine, agência responsável pelo gerenciamento da carreira do atleta.
Antônio Tolentino, 35, também é famoso. Em Belford Roxo, município da Baixada Fluminense, na região metropolitana do Rio.
Conhecido como Gringo, ele organizou um torneio de MMA numa casa de shows da região (um tradicional endereço de shows de pagode), que reuniu 11 mil pessoas.
Seu cartel de lutas produzidas é pequeno. Foram quatro edições do "Gringo Super Fight" em seis anos.
Os planos, no entanto, são ambiciosos. Quer fazer uma competição para 20 mil pessoas em uma casa noturna da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, em janeiro de 2013.
"Não é só botar um ringue. Precisa fazer algo diferente. Promover um show. Por isso, as pessoas me chamam de Dana White da Baixada", diz Gringo, citando o poderoso chefão do UFC.
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